A alopecia é uma queixa clínica comum aos pacientes e muitas vezes fonte de sofrimento psíquico significativo. Ao considerar novas abordagens de entrega de medicamentos para alopecia, os médicos devem considerar o alvo pretendido e a etiologia da perda de cabelo. O objetivo da terapia é conter a perda de cabelo e estimular o crescimento dos fios. Muitas modalidades de tratamento estão disponíveis e novas abordagens de entrega de drogas são necessárias para maximizar os resultados e minimizar os potenciais efeitos colaterais. Esta revisão resume todas as modalidades terapêuticas usadas para aumentar a penetração de drogas no couro cabeludo, incluindo microagulhamento, laser assistido, radiofrequência, sonoforese, iontoforese. Vantagens e desenvolvimentos em abordagens de entrega de drogas de nanopartículas também são discutidas.
Novas abordagens para administração de medicamentos tópicos ao folículo piloso são uma nova área promissora no tratamento de distúrbios capilares. Nova abordagem para microagulhamento inclui o uso de microagulhas ocas (máquinas de tatuagem profissionais) e microagulhas de dissolução para administração de medicamentos. Dispositivos a laser ablativos e não ablativos podem ser usados para facilitar a administração do medicamento ao folículo piloso. A radiofrequência pode melhorar a aplicação de Minoxidil tópico no couro cabeludo. A ultrassonografia de baixa frequência (sonoforese) melhorou a liberação do fármaco através da pele no couro cabeludo humano e na pele cadavérica. A iontoforese aumenta a liberação de sulfato de Minoxidil em estudos in vivo e vitro. A combinação de diferentes modalidades de entrega de drogas pode alcançar melhores resultados e novas abordagens avaliam a combinação de iontoforese com sonoforese e nanopartículas com microagulhamento ou lasers. As nanopartículas fornecem entrega direcionada aprimorada com risco reduzido de efeitos colaterais sistêmicos. Minoxidil, Inibidores de 5-a redutase e muitos outros medicamentos demonstraram ser mais bem administrados usando nanopartículas em comparação com outras formas de formulação de medicamentos. Alterar a formulação do veículo da droga existente, como sulfato de Minoxidil em veículo efervescente ou na fórmula de gel de alginato, ou aplicar medicação no couro cabeludo úmido, são métodos simples e inovadores para melhorar a administração da droga.
A administração de medicamentos para o tratamento da queda de cabelo inclui o uso tópico, intralesional, onde a falha se evidencia, e oral. A terapia tópica é frequentemente preferida para limitar a exposição sistêmica e reduzir o risco de efeitos colaterais adversos. O resultado terapêutico eficaz requer a seleção adequada de drogas, bem como um sistema de aplicação eficaz. A pele humana é facilmente acessível, proporcionando área suficiente para a administração do medicamento; e o folículo piloso representa uma via muito eficaz para a penetração de substâncias aplicadas topicamente. A aplicação transdérmica pode resultar na penetração de drogas na pele e na circulação sistêmica, o que é diferente da aplicação tópica de drogas direcionadas a áreas locais, como o folículo piloso. Novos sistemas de aplicação de drogas para aumento da penetração na pele e/ou direcionamento do folículo piloso utilizam ablação de camada córnea com laser, iontoforese, sonoforese, microagulhamento e nanopartículas. Esta revisão resume as novas abordagens da aplicação de drogas para o gerenciamento da perda de cabelo.
O microagulhamento é um procedimento comum utilizado para rejuvenescimento da pele e tratamento de estrias e revisão de cicatrizes. Mais recentemente passou a ser indicado para tratamento de queda de cabelo. O possível mecanismo de ação é a ativação da via Wnt/B-catenina quando usada isoladamente. Este procedimento potencializa a penetração do fármaco criando microcanais através das camadas superiores da pele e na derme superficial. As microagulhas são fabricadas como microagulhas sólidas, ocas, revestidas ou de dissolução. Na dermatologia, as microagulhas sólidas são usadas principalmente e podem variar em profundidade de penetração e/ou número de microagulhas dependendo do dispositivo, ou seja. dermaroller ou caneta elétrica. Para aplicação no couro cabeludo, a profundidade ideal é entre 1,2 a 1,5 mm.
Aplicação de laser, tanto ablativo quanto não ablativo, bem como o laser fracionado, têm sido utilizados como modalidade de tratamento da alopecia areata androgenética (AAG) e outros tipos de alopecia. Este procedimento permite melhor aplicação do fármaco aos folículos capilares. Além disso, lesões microscópicas criadas por esses tratamentos podem induzir um ambiente favorável à cicatrização de feridas que promove o crescimento do cabelo.
A ablação de células por radiofrequência usa microeletrodos para passar uma corrente elétrica alternada através da pele a uma frequência de 100 a 500 kHz. Os íons nas células adjacentes aos microeletrodos vibram à medida que seguem a mudança na direção da corrente elétrica, o que resulta na geração de calor, evaporação da água, ablação das células e, finalmente, ferimentos na pele. O mecanismo possivelmente é a ativação da via Wnt/b-catenina. O ferimento relacionado à lesão térmica também pode desencadear a regeneração capilar por meio de inflamação que aumenta o fluxo sanguíneo, vascularização folicular, células inflamatórias e citocinas. Um estudo realizado com 19 pacientes chineses que apresentavam queda de cabelo de padrão masculino (MPHL) apresentaram resultados significativamente maiores após 5 meses de tratamento, com a combinação de técnicas, tal como a descrita, em comparação com pacientes tratados com monoterapia.
A aplicação de ultrassom na pele aumenta sua permeabilidade (sonoforese) e possibilita a liberação de várias substâncias. As terapias de ultrassom podem ser amplamente divididas em "alta" potência e "baixa" potência (frequências de ultrassom abaixo de 100 kHz). Os ultrassons de baixa potência incluem sonoforese, sonoporação, terapia genética e cicatrização óssea. O realce transdérmico induzido pelo ultrassom de baixa frequência é até 1000 vezes maior do que o induzido pelo ultrassom terapêutico e aumenta permeabilidade a uma ampla gama de compostos terapêuticos, incluindo moléculas hidrofílicas e macromoléculas. Pesquisadores usaram sonoforese de baixa frequência in vivo para administrar pomada de Metilprednisolona e solução de Ciclosporina por via intradérmica, como tratamento de alopecia areata irregular em um grupo de 30 pacientes. As drogas foram aplicadas três vezes por semana por um período de 3 meses após a sonoforese (25 KHz) por 10 minutos, com resultados notáveis.
O método iontoforético envolve a aplicação de uma pequena corrente elétrica (até 0,5 mA/cm2) a um reservatório de droga na superfície da pele. Um eletrodo com a mesma carga que o fármaco/soluto produz forças de repulsão que conduzem as moléculas do soluto em direção a um eletrodo de carga oposta. Quando um campo elétrico é aplicado a uma solução que consiste em íons carregados, estes são forçados a se mover na direção do campo. Graças às forças viscosas, toda a solução sofre um fluxo convectivo. A iontoforese pode aumentar a penetração de moléculas não carregadas na pele, resultando em um processo conhecido como eletroosmose. A iontoforese anódica foi usada para fornecer sulfato de Minoxidil (MXS), o Minoxidil ativo, aos folículos capilares in vitro e in vivo. Este sistema aumentou a quantidade de fármaco que atinge o infundíbulo folicular em 5 vezes, quando comparado com a aplicação passiva. A aplicação combinada de ultrassom e iontoforese pode oferecer ótimos resultados com penetração 10 vezes maior do que a aplicação de qualquer método sozinho. O pré-tratamento ultrassônico também demonstrou reduzir a resistência da pele, diminuindo a necessidade de tensão para fornecer uma determinada corrente durante a iontoforese, o que reduz os requisitos de energia e pode resultar em menos irritação da pele.
Os sistemas de nanopartículas contam com partículas de tamanho molecular carregadas com diferentes medicamentos e compostos para serem usados em muitas aplicações clínicas, incluindo administração tópica para tratamento de queda de cabelo. Existem vários tipos de nanopartículas adequadas para aplicação folicular, incluindo lipossomas, nanopartículas lipídicas sólidas, nanoemulsões, nanopartículas à base de polímeros naturais e sintéticos e nanopartículas de ouro/prata. O tamanho das nanopartículas afeta a aplicação folicular e as nanopartículas de 230 nm foram encontradas para atingir melhor as glândulas sebáceas, enquanto as partículas de 643 nm visam melhor a região do bojo do folículo piloso. Há poucos estudos humanos realizados para determinar a eficácia dos nanossistemas para o tratamento da queda de cabelo. No entanto, muitos estudos em animais mostraram claramente propriedades terapêuticas benéficas. Em comparação com a aplicação tópica convencional de medicamentos, as nanopartículas melhoraram a penetração do medicamento, prolongaram a aplicação das substâncias e diminuíram a absorção sistêmica. Essas qualidades permitem a administração sustentada do medicamento, menos efeitos colaterais sistêmicos e menos irritação da pele, o que, teoricamente, deve minimizar os problemas de adesão do paciente. Os nanossistemas lipídicos interagem com o sebo e representam um método de liberação de drogas foliculares muito eficaz. Os lipossomas demonstraram alta difusão nos folículos capilares por causa de suas propriedades lipofílicas e hidrofílicas. Da mesma forma, outras nanopartículas lipídicas, incluindo nanopartículas lipídicas sólidas (SLN) e carreadores lipídicos nanoestruturados (NSLC) com uma combinação de componentes lipídicos insaturados e líquidos, mostraram liberação efetiva de drogas em concentrações mais altas de drogas. O NSLC tem a vantagem de manter uma boa estabilidade do fármaco, permitindo o aumento da vida útil. Nanopartículas poliméricas com opções biocompatíveis naturais e sintéticas estão sendo exploradas e se mostraram atóxicas. Nanopartículas encapsuladas de Minoxidil têm sido amplamente estudadas em animais. Nanopartículas de poli(L-lactídeo-co-glicólido) encapsuladas com Minoxidil (PLLGA) preparado usando evaporação de solvente água-em-óleo-em-água (W/O/W) e sonificação foram administrados percutaneamente a camundongos e resultaram em 2,5 vezes a aplicação do folículo piloso em comparação com a solução padrão de Minoxidil. Estas também têm o potencial de atuar como um método de aplicação de inibidores da 5-alfa redutase. As nanopartículas carregadas de Finasterida e Dutasterida têm a vantagem de reduzir a penetração da droga e, portanto, possíveis efeitos colaterais sistêmicos e manter a droga na área alvo, reduzindo a frequência de aplicação.
Para os tratamentos para alopecia, os médicos devem considerar não apenas o medicamento administrado, mas também o método de entrega utilizado. Nossa revisão da literatura revelou vários métodos inovadores para otimizar o tratamento da alopecia, incluindo microagulhamento, laser assistido, radiofrequência, sonoforese, iontoforese e nanopartículas. Embora a maioria das tecnologias tenha sido testada apenas em modelos animais até agora, os resultados são muito promissores. Em particular, a nanotecnologia é um campo interessante e em evolução. Sua aplicação isolada ou em combinação com outros métodos de liberação de fármacos apresenta resultados superiores e menor taxa de efeitos sistêmicos. Mais estudos utilizando nanopartículas em humanos são necessários para uma melhor determinação de sua eficácia, segurança e resultados a longo prazo.
A aplicação ideal é essencial para atingir seletivamente o folículo piloso, aumentar os efeitos terapêuticos e reduzir os efeitos colaterais indesejados por causa da absorção sistêmica. Um dos principais problemas no tratamento de distúrbios capilares é a adesão do paciente. O tratamento da maioria dos distúrbios capilares é duradouro, se não “para toda a vida” e requer um compromisso muito grande. Os pacientes não só não têm paciência e tempo para aplicar uma medicação tópica no couro cabeludo duas vezes ao dia, como também reclamam que seus cabelos estão sempre oleosos e sujos, por causa do acúmuldo da medicação e seu veículo nas hastes. Mesmo que eles prefiram um tratamento oral em vez de um tratamento tópico para evitar esse problema, as preocupações com os efeitos colaterais de longo prazo geralmente induzem o paciente a interromper um tratamento eficaz. Para o futuro, haverá sistemas de aplicação que permitam não apenas um direcionamento seletivo, mas também uma aplicação prolongada. O modelo ideal seria um tratamento “uma vez por semana” e a tecnologia de nanopartículas pode permitir essa dinâmica. A principal limitação no desenvolvimento de novos sistemas de liberação de medicamentos aprovados é a necessidade de ensaios clínicos, e isso explica porque a literatura sobre tecnologia de nanopartículas quase não tem estudos em humanos para medicamentos, mas apenas para ingredientes cosméticos.
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