A doença de pele pode se espalhar?

Bactérias e fungos são ameaças ao organismo. As portas de entrada são ferimentos banais na pele, como um arranhão com uma folha de papel ou uma picada de inseto, por exemplo, mas podem entrar no organismo por meio das mucosas, ao encontrar ambiente quente e úmido, portanto, favorável a esses agentes infecciosos. A propagação de patógenos no corpo vai depender de um conjunto de fatores, iniciado pelo sistema imunológico, que são as defesas do corpo. Entretanto, sabe-se  que o uso compartilhado de navalhas, aparelhos de depilação, toalhas de banho ou rosto, chinelos e outros calçados,  com pessoas infectadas e uso de banheiras sujas, são  algumas das inúmeras possibilidades de contaminação com esses agressores. 

A escabiose ou sarna é uma doença de pele muito comum, especialmente entre pessoas que vivem em pequenos espaços e compartilham peças íntimas, toalhas de banho e roupas de cama. É causada por um pequeno ácaro que se instala na pele humana e ali põe seus ovos. A infecção se instala por meio de contato com a pele de outra pessoa contaminada. Em ambientes sem mínimas condições de higiene  a contaminação é favorecida. Os sintomas são coceira intensa e uma erupção cutânea que parece com espinhas. O tratamento conta com a aplicação de remédios de uso tópico e comprimidos, conforme a prescrição médica. 

Creches e casas de repouso são ambientes favoráveis à propagação de escabiose (sarna). A proximidade das pessoas em pequenos espaços, o toque físico, em especial, entre crianças são a via de contaminação. O compartilhamento de toalhas de mão, rosto ou roupas de cama sem a higienização adequada, mesmo que apenas uma dessas pessoas esteja contaminada, já é suficiente para a disseminação da doença. Em caso de diagnóstico, é importante que as roupas íntimas, de uso diário, de cama e banho, sejam trocadas diariamente e higienizadas com desinfetantes específicos, até o controle total dos sintomas. Não misturar essas roupas com as de outras pessoas, durante a troca e lavagem. Um médico deve acompanhar o tratamento até vencer a infecção. 

É muito importante prestar atenção, mesmo em pequenas lesões da pele, decorrentes, por exemplo, de um corte feito com uma folha de papel, no escritório, ou ainda, por causa de uma picada de insetos. A aplicação de um antisséptico logo após o ferimento, ou mesmo, de álcool 70%, vão ajudar a proteger o ferimento contra agentes infectantes. Fungos, bactérias e vírus podem aproveitar o ferimento para entrar no corpo, causando uma infecção ou doença. A pele é uma espécie de escudo protetor, mas o ferimento abre um flanco de fragilidade a agressores externos. 

 Staphylococcus Aureus resistente a Meticilina (MRSA) é o nome de uma bactéria comum, encontrada na pele de 1/3 da população. O fato dela estar presente na pele não quer dizer que vá provocar uma infecção, mas pode ocorrer a transmissão por contato. Tanto que entre delegações esportivas, acredita-se que nos treinos, o suor derivado da atividade física é um agente transmissor e há frequentes registros de infecções cutâneas.

Vestiários e boxes de chuveiro em clubes e academias, usados por pessoas envolvidas em atividades físicas, são ambientes favoráveis para a transmissão de micoses e outras infecções de pele. Um dos procedimentos preventivos é o uso de chinelos para transitar nos ambientes e o uso de sabonetes e cosméticos antissépticos no banho. O suor é ótimo transmissor de fungos e bactérias, que se proliferam rapidamente em ambiente quente e úmido.  

Depilação, hoje, é um procedimento amplamente usado entre homens e mulheres. Lâminas de depilação, lâminas de barbear, barbeadores ou depiladores elétricos, ou mesmo, recursos de cera quente e pinças metálicas são agentes transmissores de infecção da pele. No procedimento de depilação, micro lesões podem abrir caminho para bactérias e fungos, desencadeando infecções. Esses recursos e equipamentos de depilação devem ser descartáveis ou de uso individual. 

“Pé de atleta” é o mesmo que “frieira”, uma infecção fúngica comum que costuma aparecer entre os dedos dos pés . Pequenas bolhas de água nascem entre os dedos dos pés, causando muita coceira e desconforto. O uso contínuo de sapatos fechados, solado e meias sintéticos, além do contato com alguém infectado são as condições ideais para a infecção. O tratamento exigirá higiene específica de todos os sapatos e meias, logo após o uso, com substâncias desinfetantes para a limpeza dos calçados, além de tratamento tópico nos ferimentos que surgem com a infecção. 

Bromidrose axilar - As axilas também são ambientes propícios à proliferação de bactérias, pois são ambientes também quentes e úmidos e muitas vezes, são áreas de depilação frequentes. O mau cheiro proveniente das axilas já é prova da presença de bactérias. O uso de produtos  desinfetantes e higiene específica para a área são procedimentos preventivos. Camisetas de uso esportivo, agasalhos e roupas diversas não devem ser compartilhados, pois podem  ajudar na transmissão dessas bactérias. 

O vírus herpes simplex tipo 1 (HSV-) é responsável por causar uma infecção por herpes gladiatorum na pele. É comum manifestar-se nas áreas de contorno da boca, onde a lesão reúne inúmeras bolhas de água na pele até vencer o ciclo vital do vírus. Essas bolhas, ao estourarem, são altamente infectantes. O vírus da herpes comum está presente em pelo menos 70% da população mundial, mas nem sempre ele irá se manifestar. Um dos fatores para a infecção é a baixa imunidade, mas longos períodos de exposição ao sol também pode ser um ‘gatilho’ para que o vírus aja. Nesse caso, talheres, copos, pratos, travesseiros, toalhas de banho e rosto  usados por uma pessoa contaminada devem ser separados das demais pessoas que compartilham do mesmo ambiente. Utensílios e roupas desta pessoa também devem ser lavados separadamente e com um agente desinfetante.